Que farei para herdar a vida eterna? Foi a pergunta
que um intérprete da Lei fez a Jesus, em Lucas 10:25. Jesus replicou com suas
próprias perguntas: ”Que está
escrito na Lei? Como interpretas?” Sua resposta foi previsível, uma
vez que Jesus consistentemente mandava os homens de volta às Escrituras para
responder todas as perguntas espirituais. Em sua resposta, o professor da Lei
citou os mandamentos para amar a Deus
com todo nosso coração e amar nosso próximo como a nós mesmos. Jesus
concordou. Então, ele acrescentou: ”faze
isto e viverás” (Lucas 10:28). Jesus recusava permitir que a discussão de
sua palavra ficasse na teoria. Ele exigia que os homens praticassem o que
sabiam. Amar a Deus e ao próximo pode ser tópicos interessantes para conversa,
mas a intenção é que sejam mandamentos para serem obedecidos, e não filosofias
a debater. O intérprete da Lei preferiu falar sobre como receber a vida eterna;
Jesus lhe ordenou que fizesse o que era necessário para obtê-la.
Considere estes dois mandamentos cuidadosamente: Amar a Deus e ao teu próximo. Os dois
próximos parágrafos em Lucas ilustram o que cada mandamento significa. Para
explicar o que significa amar o próximo, Jesus contou a parábola do bom
samaritano. Para exemplificar a ideia de amar a Deus, Lucas contou a história
da visita de Jesus à casa de Marta e Maria.
Amar o teu próximo
A parábola do bom samaritano (Lucas 10:30-37) é um
dos mais conhecidos ensinamentos de Jesus. A história apresenta quatro
conjuntos de personagens: O homem que foi roubado,
espancado e deixado como morto. Quase nada sabemos sobre este homem, exceto
que estava viajando de Jerusalém para Jericó. Não sabemos sua classe social,
seu caráter, nem mesmo sua raça. Não sabemos se ele tinha feito alguma coisa
para merecer estes ferimentos. Não faz diferença: O amor ao próximo responde à
necessidade, não à identidade da pessoa. Os assaltantes. Eles se aproveitaram de sua vítima, tomaram o que
puderam, e se desfizeram dela. Muitos hoje em dia olham para os outros do mesmo
modo que os ladrões. Procuram ganhar o que podem de alguém e depois não se
preocupam mais com ele. Um sacerdote
e um levita que estavam viajando
pela estrada. Eles viram o homem ferido e se desviaram, passando pelo outro
lado. A despeito da posição religiosa deles, evidentemente encontraram alguma
desculpa para não ajudar. O samaritano.
Um judeu poderia ter esperado que o samaritano tivesse sido o vilão da
história. Mas Jesus mostrou que alguns dos desprezados samaritanos eram mais
justos até mesmo que sacerdotes e levitas.
O que tornou o samaritano diferente? Ele teve
compaixão pelo homem ferido. Os outros estavam tão absorvidos consigo mesmo
que realmente não se interessaram por ele, mas quando o samaritano viu a
vítima, ele teve compaixão dela. Ele se arriscou. O assalto mostrava
vividamente que a estrada era perigosa. Mas ele parou, cuidou dos ferimentos do
homem e levou-o a uma hospedaria para receber tratamento. Ele fez o que
pôde. O samaritano não era um centro médico totalmente equipado. Ele não
era médico. Ele não construiu nenhum hospital. Sem dúvida, havia outros que
poderiam estar bem mais qualificados para ajudar se estivessem na cena. Mas
este samaritano fez o que pôde com o que tinha. Ele tomou de seu próprio óleo e
vinho e tratou os ferimentos. Ele usou seu próprio animal para transportar o
homem. Ele pagou a estadia do homem na hospedaria e prometeu pagar quaisquer
despesas restantes quando voltasse.
Jesus
perguntou ao intérprete da Lei qual deles tinha-se mostrado ser o próximo do
homem ferido. Ele respondeu corretamente que foi aquele que o tinha socorrido. O
homem tinha aprendido que a identidade de nosso próximo não depende de lugar ou
raça, mas que todo aquele que necessita de nossa ajuda é nosso próximo. De
novo, Jesus ordenou ao homem: ”Vai
e procede tu de igual modo” (Lucas 10:37). O amor precisa ser
praticado, não admirado.
Amar a Deus
A visita de Jesus à casa de Marta e Maria ilustra o
verdadeiro significado de amar a Deus: ”Indo eles de caminho, entrou Jesus
num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa. Tinha ela
uma irmã, chamada Maria, e esta se quedava assentada os pés do Senhor a
ouvir-lhe os ensinamentos. Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em
muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor não te
importa de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha?
Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas
com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria,
pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada” (Lucas
10:38-42).
Marta era uma boa senhora. Ela recebeu bem Jesus em
sua casa. Ela poderia ter-se incomodado com o serviço extra e a perturbação que
sua visita traria e ter pedido a Ele que se fosse, mas não o fez. Ela estava
ansiosa por sentar-se e ouvir o Senhor, como sua irmã Maria estava fazendo, mas
as exigências de suas preparações deixaram-na sem tempo para fazer isso. Talvez
ela estivesse preparando uma refeição, limpando a casa ou atendendo às outras
tarefas domésticas da família. Seus elevados padrões nessa área e sua compulsão
para ter as coisas bem em ordem para a visita de Jesus frustraram-na
grandemente. Ela ficou irada porque sua irmã não a estava ajudando. Jesus
apontou o problema dela: estava aflita e aturdida por muitas coisas. Não eram
coisas más, porém não era “aquela coisa” de importância suprema. Ela estava
aplicando esforço de primeira qualidade a atividades de segunda qualidade.
Maria, em contraste, sentou-se aos pés de Jesus,
ouvindo-o. Havia uma refeição para ser preparada, talvez uma casa para ser
limpa, mas Maria escolheu passar o seu tempo com seu Senhor. Tanto Maria como
Marta tinha algum amor por Jesus. Mas Maria era aquela que amava a Jesus com “todo” o seu coração, com “toda” a sua
alma, com “toda” a sua força, e com “todo” o seu entendimento. Amar assim a
Cristo significa escolher buscar as prioridades espirituais, mesmo se isso
significar fazer outras coisas não tão bem, ou mesmo não fazê-las.
Aplicações
Jesus concordou que amar a Deus e amar ao próximo
são as coisas que temos que fazer para ir para o céu. Em outra ocasião ele
disse que estes são os dois maiores mandamentos (Mateus 22:37-39). É impossível
ressaltar demais estes dois princípios. Contudo, o amor é pouco entendido e
ainda menos praticado. Muitos veem o amor como uma sensação, um sentimento ou
emoção. Uma vez que têm uma bondosa disposição para com Deus e um espírito
pacífico para com os outros, eles creem que já cumpriram todas as
responsabilidades do amor. Precisamos prestar cuidadosa atenção a estas
ilustrações do amor porque elas nos ajudam a entender o que o amor realmente
significa na prática.
O bom samaritano socorreu o homem necessitado. O
amor é ativo. O amor vê aqueles que têm problemas –físicos ou espirituais– e
sente compaixão por eles. Muitas pessoas estão muito absorvidas consigo mesmas
para se preocuparem com os outros e suas dificuldades. Para amar como o
samaritano amou, precisamos esquecer-nos de nós mesmos e nos comovermos com o
sofrimento dos outros. Isso nunca é mais verdadeiro do que quando vemos pessoas
que precisam de auxílio espiritual. Jesus viu as multidões como ovelhas sem
pastor e sentiu compaixão por elas, ainda que ele mesmo estivesse exausto
(Marcos 6:34). Ele partilhou ansioso a água viva com uma mulher imoral, a
despeito de sua própria fome, sede e fadiga (João 4). O amor aceita riscos para
ajudar os outros. Algumas vezes o maior risco que tememos é a rejeição. Se
outras pessoas desprezarem nossas tentativas para ajudá-las, sentiríamos
feridos. Assim, buscando isolar-nos do risco de ter nosso ego arranhado,
evitamos aproximarmo-nos delas. É
arriscado convidar um vizinho a ler a Bíblia conosco, chegar a um irmão e reprová-lo, ou desafiar um amigo com
respeito à vida dele. O amor arrisca rejeição para ajudar os outros. O amor
faz o que pode. Não podemos fazer tudo o que alguém possa precisar, mas podemos
fazer alguma coisa. Não temos todas as respostas, mas temos algumas. O amor
serve.
Maria escolheu a boa parte e essa escolha demonstrou
seu amor por Jesus. Nossas escolhas
sempre demonstram o que amamos. E uma coisa é certa: escolhas serão feitas
porque ninguém pode fazer tudo. Algumas coisas que, por si mesmas, são boas e
apropriadas, terão que ser omitidas. O que escolheremos? Algumas pessoas
escolhem o urgente em vez do importante, fazendo as coisas que precisam ser
feitas imediatamente em vez das coisas que são muito mais valiosas em longo prazo.
Uma vez que muitas tarefas espirituais (coisas como orar e estudar) podem ser
feitas a qualquer tempo, elas tendem a ser postas de lado enquanto nos
concentramos em atividades com limite de tempo. Alguns escolhem as coisas que
são visíveis em vez das coisas que as pessoas não podem ver. Uma vez que as
atividades espirituais não são percebidas pelos outros, elas podem ser
facilmente negligenciadas. Marta recebeu bem a Cristo, porém não escolheu a boa
parte. Tinha tantas outras coisas que a sobrecarregavam e preocupavam que não
teve tempo para senar-se e ouvir Jesus. O tempo que gastamos com Jesus é um
sinal de quanto o amamos.
O amor é a chave para herdar a vida eterna. Amamos
a Deus? Amamos nosso próximo?
Postado por Edinêr
Gary Fishe