Quando se tenta questionar a respeito da legitimidade dos dízimos e ofertas no
tempo da graça, os defensores dessa prática procuram se justificar citando a
referência de Gálatas 6.6, segundo eles, este versículo é uma afirmativa que
assegura aos pregadores a prerrogativa de aquinhoar os bens daqueles a quem
lhes tem anunciado o Evangelho.
Vejamos: Gálatas 6.6: O que é instruído na palavra reparta de todos os
seus bens com aquele que o instruí.
Se analisarmos o capítulo 6 completo, observaremos que o Apóstolo Paulo expõe
ali uma série de conselhos aos cristãos, enfatizando principalmente a
importância de não viverem mais para si mesmos, citando, inclusive, o seu
próprio exemplo, quando diz que, para ele, o mundo já está crucificado, assim
como ele também está crucificado para o mundo.
Evidencia questões relacionadas ao segundo grande mandamento que é o amor ao
próximo, onde orienta que devemos levar as cargas uns dos outros, e aproveitar,...
enquanto há tempo, para fazer o bem a todos, mas principalmente aos domésticos
da fé (Vers.10).
E nesse contexto, o Apóstolo aconselha também que os cristãos devem repartir de
todos os seus bens com aquele que os instrui na Palavra, o que também é justo.
Mas em momento algum, refere-se a esse instrutor como sendo alguém que ocupa
uma posição elevada em relação aos demais irmãos.
O instrutor aqui não é alguém com titulo eclesiástico, e que exerce papel de
liderança sobre os demais; pode até ser que seja um pastor de fato, mas no
sentido correto da palavra, alguém que recebeu de Deus esta função dentro do
corpo, e não um cargo de pastor principal, ou presidente de alguma denominação
religiosa; não é alguém que ocupa lugar de destaque entre as ovelhas de Cristo,
a quem todas devem se submeter sem nenhum questionamento.
Além do mais, quem é que verdadeiramente nos instrui na Palavra senão o
Espírito Santo de Deus que habita em nós?
A bíblia afirma: A unção que vós recebestes dele (Espírito Santo) fica
em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como
a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é
mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecerei (I João 2.27).
Cada um de nós pode ser usado pelo Senhor para nos instruirmos mutuamente,
conforme o dom que do Alto recebemos, e nada mais justo do que nos ajudarmos
também mutuamente com relação às necessidades básicas da vida.
O repartir é de Deus sim, mas desde que não sigamos a ordem inversa das coisas.
Em se tratando de suprir as necessidades dos santos, a sequência correta é:
quem tem muito, reparta com quem tem pouco, a fim de que ninguém passe
necessidade.
Em nenhum lugar da bíblia há recomendação que dentre a multidão dos santos,
haja uma só pessoa responsável pela instrução da Palavra, e, como paga, todos,
unanimemente, devem sustentá-lo financeiramente, tendo este necessidade ou não.
Se formos seguir literalmente esse texto, então vamos repartir nossos bens com
o Altíssimo, porque é Ele quem nos ensina todas as coisas e não há necessidade
que homem algum nos ensine nada.
E não deixa de ser isto mesmo, pois no livro de Mateus 25.31-45, há algo bem
interessante que o Senhor nos ensina com relação a isso. Diz assim:
... Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua
direita: Vinde; benditos de meu Pai possuí por herança o Reino que vos está
preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer;
tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu,
e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.
Então, os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome e
te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E, quando te vimos estrangeiro
e te hospedamos? Ou nu e te vestimos?
E, quando te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-te? E, respondendo o Rei,
lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o
fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes... (Leia o texto completo).
Amado, apercebeu com quem devemos repartir os nossos bens? A comida deve ser
dada a quem tem fome; a água a quem está com sede; as vestes para quem está nu;
o abrigo para quem não tem onde morar. Foi isso que o Apóstolo Paulo referiu-se
em Gálatas 6.6.
Porque no reino dos homens, vemos “pastores” ensinando uma doutrina bem
diferente, a maioria dos chamados instrutores da palavra hoje, podem até ter
necessidade de alguma coisa, mas não é de alimento, nem água, ou roupa, porque
isto eles tem em abundancia. O que lhes falta, é o amor altruísta para com os
menos favorecidos materialmente, em especial, os domésticos na fé.
Há falsos mestres que se enquadram perfeitamente no que está escrito em
provérbios 30.15: A sanguessuga tem duas filhas: Dá e Dá. Estas três
coisas nunca se fartam; e com a quarta nunca dizem: Basta!
Vejamos o que o Mestre ordenou aos doze apóstolos: Curai os enfermos,
limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de
graça recebestes, de graça dai (Mateus 10.8).
E disse ainda: Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos;
nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão,
porque digno é o operário do seu alimento (Mateus 10.10).
Amados, a verdade de Deus é uma só, anunciar o Evangelho de graça
é mandamento, e não favor. Por que então, ousam vender o que foi oferecido
gratuitamente pelo Senhor?
Aplicam a lei de Moisés, tendo já sido por Cristo abolida, sobretudo no que diz
respeito aos dizimos
e ofertas. Com que finalidade exploram o versículo isolado de Malaquias
3.10, senão para extorquir os bens materiais dos seguidores?
Quando Pedro e João entraram no templo chamado Formosa e encontraram aquele
coxo de nascença pedindo esmolas; a Palavra diz que ambos, fitando os olhos
nele, disseram: Olha para nós. E olhou para eles, esperando receber
alguma coisa. E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas
o que tenho isso te dou.
Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda. E, tomando-o pela mão
direita, o levantou, e logo os seus pés e tornozelos se firmaram. E, saltando
ele, pôs-se em pé, e andou, e entrou com eles no templo, andando, e saltando, e
louvando a Deus (Atos 3.4-8).
A Palavra narra também que logo após a ascensão de Cristo ao Reino do Céu, os
Apóstolos fizeram a mais extraordinária obra de evangelização já vista sobre a
terra, e muitas vezes, em um único dia, milhares de irmãos se convertiam pela
pregação dos apóstolos; e não há sequer um só registro na Palavra afirmando que
eles usufruíram dos bens materiais dos irmãos em proveito próprio, em razão dos
milagres e maravilhas que sucediam pelas suas mãos, porque esta obra não é do
homem, mas do Espírito Santo do Senhor.
Vejamos o que está registrado em I Pedro 1.18, 19: Sabendo que não foi
com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã
maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais, mas com o
precioso sangue de Cristo, como de um Cordeiro imaculado e incontaminado.
Em Atos 20.35, Paulo declarou: Tenho-vos mostrado em tudo que,
trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos e recordar as Palavras do
Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que
receber.
Considere que, até as sombras dos Apóstolos faziam maravilhas, porque entre
eles não havia manipulação da Palavra para aquisição de bens materiais, mas a
Palavra genuína era anunciada em verdadeira harmonia com o Evangelho de Cristo;
e milagres e maravilhas aconteciam pelas mãos dos Apóstolos sucessivamente.
Atentemos para o exemplo de Paulo em II Coríntios 12.14, onde revelou: Eis
que, pela terceira vez estou pronto para ir ter convosco, e não
vos serei pesado; pois não busco o que é vosso, mas sim, a vós;
porque não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais, para os filhos.
Como é possível alguém cobrar para anunciar a Palavra de Deus? Se é que o
anunciam corretamente, pois o que vemos e ouvimos diariamente não é o Evangelho
de Cristo, que verdadeiramente liberta os cativos, mas um evangelho híbrido,
que em vez de libertar escraviza ainda mais os que clamam por liberdade.
Jesus e seus Apóstolos nos deixaram um grande legado para nosso aprendizado;
Cristo não tinha lugar nem para reclinar a cabeça; hoje, porém, os donos de
”igrejas” possuem uma conta bancária abastada, e isto, comercializando o sangue
e o sacrifício do nosso Redentor.
Atentemos para o que está escrito em II Pedro 2.3: E por avareza, farão
de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será
tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.
O Senhor é o mesmo ontem, hoje, e o será eternamente, porque é imutável, em
quem não há sombra de variação. Sua Palavra é uma verdadeira espada de dois
gumes, e nas mãos de quem a manuseia bem levará arrependimento, salvação e paz
a muitas almas, mas nas mãos de homens corruptos e sem compromisso com o Pai
Altíssimo, é uma arma perigosa, capaz de acometer até um genocídio espiritual.
A mesma Palavra afirma que quando o Senhor vier na sua glória, com os seus
santos anjos, muitos lhes dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não
profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em
teu nome, não fizemos muitas maravilhas? Então, Cristo lhes dirá abertamente: Nunca
vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.
É oportuno lembrar que esses milagres não são praticados por pessoas alheias ao
Evangelho, é só ligar o rádio ou a televisão e veremos esses falsos mestres
anunciando bênçãos e prodígios em nome do nosso Salvador, enquanto
comercializam a Palavra que é pura e simples, e digna de toda aceitação.
Ai desses anticristos
e falsos profetas no Grande e Terrível dia do Senhor, porque haverá pranto
e ranger de dentes, ou seja, muita dor.
E não nos deixemos levar pelos enganadores, porque os tais não servem a nosso
Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e, com suaves e lisonjas palavras,
enganam o coração dos simples (Romanos 16.18). Mas o fim deles é a perdição, o
deus deles é o ventre, e a glória deles é para confusão deles mesmos, que só
pensam nas coisas terrenas (Filipenses 3.19).
Trabalho desenvolvido pela comunidade CRISTO É A VERDADE