PRECISAMOS JEJUAR NO TEMPO DA GRAÇA?
Não é difícil para muitos cristãos compreenderem que o
relacionamento entre Deus e o homem são baseados em duas alianças, pois a
própria bíblia apresenta-se dividida em duas partes: o antigo e o novo testamento.
Contudo, poucos conseguem fazer separação entre a conduta
que deveriam ter os servos de Deus mediante o tempo da LEI e a conduta
destes mediante o TEMPO DA GRAÇA.
Tomemos como exemplo a prática do JEJUM. Sabemos que a primeira aliança consiste em comidas, e bebidas, e várias abluções, umas
ordenanças da carne, impostas até ao tempo da correção.
Sendo
assim, a Palavras em Zacarias, diz: Assim
diz o Senhor dos exércitos: O jejum do quarto mês, bem
como o do quinto, o do sétimo, e do décimo mês se tornarão para a casa de Judá
em regozijo, alegria, e festas alegres; amai, pois, a verdade e a paz.
Percebemos que haviam dias estabelecidos por Deus para que
se praticasse o jejum. O próprio Moisés passou quarenta
dias e quarenta noites jejuando no Monte Sinai para trazer aos
judeus a pedra dos Dez Mandamentos, escritos pelos
dedos do Pai Altíssimo, conforme descreve o
texto abaixo:
Moisés esteve ali com o Senhor quarenta dias e
quarenta noites; não comeu pão, nem bebeu água, e escreveu nas tábuas as
palavras do pacto, os dez mandamentos.
Assim também, Jesus, vivendo sob a LEI e com a
missão de cumpri-la, passou quarenta
dias e quarenta noites jejuando, santificando-se no
deserto, não mais para trazer tábuas de pedra aos servos de Deus, mas para que
se cumprisse a promessa do novo pacto que seria estabelecido por Deus através
de seu Filho, Jesus Cristo. Mas este é o pacto que farei com a casa de
Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e
a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo
.
A Velha Aliança era uma alegoria para o tempo
presente. Quando o autor de hebreus explica a função dos sumos sacerdotes da
velha aliança, afirma: Os quais servem àquilo que é figura e sombra das
coisas celestiais... , porque lei
era sombra dos bens futuros e não a imagem exata das coisas.
E o mais interessante, é que, sendo o jejum uma das
ordenanças do antigo pacto, mesmo em plena vigência da lei, a maioria dos que o
praticavam, não conseguiam, com esse ritual, agradar o coração de Deus, pois
não havia amor em seus corações, Deus não ocupava o primeiro lugar em suas
vidas, e O AMOR AO PRÓXIMO estava
esquecido. Por isso o próprio Deus os advertiu dizendo:
Seria este o jejum que escolhi? Que o homem um dia
aflija a sua alma incline a sua cabeça como junco e estenda debaixo de si pano
de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aceitável ao SENHOR?
Porventura, não é este o jejum que escolhi: Que soltes as ligaduras da
impiedade desfaça as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e
despedaces todo jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o
faminto, e recolhas em casa os pobres e desabrigados, e se, vires o nu, o
cubras, e não te escondas do teu semelhante?
É notório que Deus não vê como vê o homem, que se preocupa
só com o que é aparente, mas Deus olha para o desígnio do coração, isto sim, é
o que vai determinar nossa aceitação ou reprovação por parte do Senhor.
Mas analisemos um episódio citado no Novo Testamento onde o
jejum é mencionado: E, repreendeu Jesus o demônio, que saiu dele, e desde
aquela hora o menino sarou. Então os discípulos, aproximando-se
de Jesus em particular, disseram: Por que não pudemos nós expulsá-lo? E
Jesus lhes disse: Por causa da pequenez da vossa fé.
Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um
grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará.
Nada vos será impossível [Mas esta casta não se expele senão por
meio de oração e jejum] (Mateus 17: 18-21).
Observe que o versículo
21 está entre colchetes. E é interessante notarmos que imediatamente
após a pergunta dos discípulos sobre o porquê não conseguiram expulsar o
demônio, o Senhor já havia lhes dado à resposta dizendo: Por causa da
pequenez da vossa fé. Sendo assim, por que então, a
frase entre colchetes?
A
própria Sociedade Bíblica do Brasil explica o motivo de algumas passagens do
Novo Testamento aparecerem entre colchetes, afirmando que essas passagens não
se encontram no texto grego adotado pela Comissão Revisora, mas que haviam sido
incluídas por João Ferreira de Almeida e seus colaboradores com base nos textos
que eles tinham.
Se estudarmos os manuscritos originais disponíveis no site www.codexsinaiticus.org veremos
claramente que o versículo 21 não está contido nos mesmos, ou seja, Jesus nunca
teria afirmado que para se expulsar
demônios, é necessário jejum e oração, e se porventura, o Senhor
tivesse mesmo dado alguma virtude e poder ao jejum, a Palavra do Mestre seria contraditória, pois,
estaria dando aos discípulos dupla respostas distintas a um mesmo
questionamento.
Analisemos agora outro texto do novo testamento que menciona
a prática do jejum, e observemos a resposta do Senhor aos discípulos de João
quando lhe perguntaram por que os seus discípulos não jejuavam:
E disse-lhes Jesus: Podem, porventura, andar tristes os
filhos das bodas, enquanto o esposo está com eles? Dias, porém,
virão em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão.
Ninguém deita remendo de pano novo em veste velha,
porque semelhante remendo rompe a veste, e faz-se maior a rotura. Nem se deita
vinho novo em odres velhos; aliás, rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e
os odres estragam-se; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se
conservam.
A frase: “Dias, porém, virão em que lhes será tirado o
esposo” citada pelo Mestre, refere-se aos
dias vivenciados pelos apóstolos entre a sua crucificação e a descida do
Espírito Santo, pois, nesse período os seus apóstolos permaneceram em jejum e
constantes orações.
Mas depois da sua ressurreição, foi-nos enviado o seu
Espírito Santo conforme a promessa de Cristo: Mas aquele Consolador, o
Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as
coisas, e vos fará lembrar-se de tudo quanto vos tenho dito. E ainda
em Mateus:... Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos
séculos. Amém.
Irmãos, se o Senhor está conosco através do Espírito
Santo, o jejuar é colocar remendo novo em pano velho, pois o poder vem
do Espírito Santo e não do jejum. Mas vós recebereis as virtudes do
Espírito Santo que há de vir sobre vós.
Lembremos que o Cristo Ressurreto ordenou aos seus
discípulos que expulsassem os demônios em
seu Nome e não com jejuns: E estes sinais acompanharão aos que
crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas...
Sabemos que a prática do jejum exige muito sacrifício ao
nosso corpo físico, mas o Senhor disse que sacrifícios não lhe
agradaram, por isso Ele requer obediência e não sacrifício.
É bem verdade que no Novo Testamento há algumas referências
citando o jejum, porém, não mais como ordenança, porque o jejum mencionado
pelos apóstolos não se tratava de rituais, mas jejum como sinônimo de fome,
porque muitas vezes eram açoitados, presos, passavam fome e frio, eram
flagelados.
No tempo da graça, nenhum ritual se faz necessário para
promover a santificação dos filhos de Deus. O que nos fortalece é a própria
vida de Cristo em nós. Por isso a Palavra nos assegura
que a nossa luta não é contra a carne e nem o sangue, ou seja, não é contra
algo palpável,
mas contra os príncipes das trevas deste século e as hostes (exércitos) das
potestades do mal.
Mas, se estivermos fortalecidos no Senhor e revestidos da
armadura de Deus, vivendo de fé em fé, então a autoridade espiritual do Senhor
nos será suficiente para que não sejamos atingidos pelos dardos inflamáveis do
inimigo, para combater as forças espirituais da maldade.
E, despojando os
principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo na
cruz.
PARA REFLEXÃO:
Disse Jesus: Não
me escolhestes vós a mim, mas eu escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e
deis fruto, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto em
meu nome pedirdes ao Pai, Ele
vos conceda.
Louvai ao Senhor
Carvalho - Servo do Altíssimo
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