MITRA
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Mitra pertence às mitologias persa, indiana e greco-romana.
Na Índia e Pérsia representava a luz (deus solar). Representava também o bem e
a libertação da matéria. Chamavam-na de "Sol
Vencedor".
Existem referências a Mitra e a Varuna de 1400 a.C., como
deuses de Mitanni, no norte da Mesopotâmia[1].
Entre os persas, apareceu como filho de Aúra-Masda, deus do
bem, segundo as imagens dos templos e os escassos testemunhos escritos, o deus
Mitra nasceu perto de uma fonte sagrada, debaixo de uma árvore sagrada, a partir de uma rocha (a petra generatrix; Mitra é
por isso denominado de petra natus).
Segundo Heródoto, Mitra era a deusa Afrodite Urânia, trazida
pelos assírios com o nome Mylitta e pelos árabes com o nome Alitta [2]. Mitra,
assim como os demais deuses persas, não tinha imagens, templos ou altares,
porque, diferentemente dos gregos, os persas acreditavam que os deuses tinham
uma natureza diferente da dos homens [2].
O culto de Mitra chegou à Europa onde se manteve até o
século III. Em Roma, foi culto de alguns imperadores, denominado Protetor do
Império.
O símbolo de Mitra era o touro, usado nos sacrifícios à
divindade. A morte do touro, que representaria a Lua, era característica desse
mistério que se espalhou pelo mundo helênico e romano por meio do exército. A
partir do século II o culto a Mitra era dos mais importantes no Império romano e numerosos santuários
(Mithraea, singular Mithraeum) foram construídos. A maior parte eram câmaras
subterrâneas, com bancos em cada lado, raras vezes eram grutas artificiais.
Imagens do culto eram pintadas nas paredes, e numa delas aparecia quase sempre
Mithras que matava o touro sacrificial.
Algumas
peculiaridades do mitraísmo foram agregadas a outras religiões, como o
cristianismo. Por exemplo, desde a antiguidade, o nascimento de Mitra era
celebrado em 25 de dezembro.
O mitraísmo entrou em decadência a partir da adoção do
cristianismo como religião oficial do Império Romano.
A principal razão para a decadência do mitraísmo frente ao
cristianismo foi o mitraísmo não ser tão inclusivo quanto a religião cristã. O
culto a Mitra era permitido apenas aos homens, e ainda assim apenas aos homens
iniciados em um ritual que acontecia somente em algumas épocas do ano.
O ritual de iniciação na religião mitraica consistia em
levar o neófito até o altar de Mitra, amarrado e vendado, onde o sacerdote
oferecia a ele a Coroa do Mundo, colocando-a sobre sua cabeça. O neófito
deveria recusar a coroa e responder: "Mitra
é minha única coroa".
O culto a Mitra passou por diversas transformações
difundindo-se gradualmente até alcançar um lugar proeminente na Pérsia e
representar o principal oponente do cristianismo no mundo romano, nas primeiras
etapas de sua expansão.
Sua primeira menção é de aproximadamente 1400 a.C. onde é
descrito como o deus do equilíbrio e da ordem do cosmo. Por volta do século V
a.C. passou a integrar o panteão do Zoroastrismo Persa, a princípio como senhor
dos elementos e depois sob a forma definitiva do deus solar.
Após a vitória de
Alexandre, o Grande, sobre os persas, o culto a Mitra se propagou por todo
Mundo Helenístico. Nos séculos III e IV da era cristã as religiões romanas,
identificando-se com o caráter viril e luminoso do deus, transformaram o culto
a mitra no mitraísmo.
A religião mitraica tinha raízes no dualismo zoroástrico
(oposição entre bem e mal, espírito e matéria) e nos cultos helenísticos mitra
passou a ser um deus do bem criador da luz e em luta constante contra a divindade
obscura do mal. Seu culto estava associado a uma existência futura e
espiritual, completamente libertada da matéria.
O culto era celebrado em grutas sagradas onde o principal
acontecimento era o sacrifício de um touro, cujo sangue brotava a vida, propiciando
a imortalidade.
Com a adoção do cristianismo como religião oficial do
império romano o mitrianismo entrou em declínio, mas o dualismo do perpétuo
conflito entre o bem e o mal, luz e as trevas ainda sobreviveu sob a forma de
doutrina maniqueísta.
Referências:
↑ Arthur
Berriedale Keith, Indian Mythology, Capítulo I, The Gods of Sky and Air, 23
↑ a b Heródoto, Histórias, Livro I, Clio, 131
[editar]Bibliografia
Campbell, Joseph, As máscaras de Deus: mitologia ocidental,
tradução Carmen Fischer. S